As Nadadoras Dublado Online
Da Síria, destruída pela guerra, ? s Olimpíadas do Rio em 2016. Baseado em uma história real, “As Nadadoras” acompanha a incrível trajetória de duas jovens irmãs refugiadas, que já usaram suas habilidades na natação, e seus corações, como heroínas.
É batata: qualquer produção sobre pessoas do Oriente Médio que passa pelo olhar ocidental sai com problemas no tom. Qualquer uma. Há tendência de tratar pessoas dessa região como coitados que precisam sempre de ajuda e veem o Ocidente como a saída dos seus problemas. E é justamente isso que acontece com As Nadadoras, estreia da Netflix desta quarta-feira, 23.
Ainda que dirigido pela cineasta galesa-egípcia Sally El Hosaini (My Brother the Devil), todo o resto da produção passa por profissionais ocidentais ou que compartilham diretamente dessa visão: desde o roteirista (Jack Thorne, inglês), passando pela produção (Tim Cole, inglês; Eric Fellner, também britânico) e, é claro, pelas empresas ligadas ao filme: Netflix e Working Title.
Com esse olhar quase que exclusivamente ocidental em cima de uma história que deveria ser diversa e plural, As Nadadoras se aproxima demais de um tom de autoajuda que não beneficia em nada a trama de duas irmãs nadadoras (Manal Issa e Nathalie Issa) que fogem de uma Síria devastada pela guerra e buscam abrigo na Europa para manter vivo o sonho de viver do esporte.
O começo do filme, até sua primeira hora, funciona bem. El Hosaini sabe como comandar cenas de tensão profunda, principalmente no drama das irmãs em um barco de refugiados — ainda que haja uma artificialidade ali que incomoda, principalmente perto do que já vimos em filmes como Humanflow, Exodus e Zaatari. É uma realidade dura que, na Netflix, passa por um filtro.
Há emoção na forma como as irmãs se relacionam e, também, quando o filme passa a seguir puramente por uma história de competição esportiva, com as irmãs buscando seu espaço na natação. Mas, como sempre, há a figura do branco salvador (vivida por Matthias Schweighöfer, de Army of the Dead) e elas servem unicamente ao propósito triunfante da “salvação”.